Bernardo Élis e sua obra


A Alma de Goiás



Atenção: Faço questão de abrir o link”BERNARDO ELIS”com este excelente artigo do grande jornalista Batista Custódio, escrito em maio de 1995-em defesa de Bernardo Èlis, fortemente injustiçado por aqueles que se diziam seus”amigos”
Meu querido Bernardo sofreu tanto, que me disse, um dia:Maria, pensei que eu tinha amigos.
-Meu querido, você era um pirata com muitos papagaios...No semblante triste dele, vislumbrei um sorriso.

Talvez o momento mais iluminado de nossa literatura fosse o clarão de uma fogueira incinerando a maior parte dos livros de autores goianos.A julgar pelo conteúdo intelectual e gosto literário de muitas publicações locais, os autores certamente nunca leram sequer as próprias obras. Dá até para desconfiar de que determinados volumes foram editados por inimigos das pessoas que levam a culpa pela autoria dos mesmos,com a intenção de ridicularizá-las com o paradoxo de que em Goiás,existe intelectual burro. Ou é um alerta de que, nos outros lugares,se fica sabendo que alguém é inteligente quando escreve livros,mas aqui,se passa a ter certeza de que é um idiota.
Há exceções muito fortes de vôos geniais, na literatura goiana,páginas antológicas,não apenas nos rasgos fulminantes de Hugo de Carvalho Ramos  e José Décio Filho,mas verdadeiras enciclopédias da cultura e talento contemporâneos.Como:José Godoy Garcia, Carmo Bernardes, Gabriel Nascente,YedaSchmaltz,Bariani Ortêncio,Eli Brasiliense,Aj Moura,Chico de Brito e alguns outros admiráveis,e, para fechar,J.J.Veiga.
Porém, existe um que é estrela isolada na alta constelação dos escritores goianos:BERNARDO ÉLIS.Não porque ele seja o tronco da Academia Brasileira de Letras,único em Goiás, tão laureado que chegou o governador a escolhê-lo para homenagear o cargo de presidente da Fundação Cultural Pedro Ludovico Teixeira.
Os contos: Nhola dos Anjos e  a Cheia do Corumbá,André Louco,A enxada e Ontem Como Hoje,Como Amanhã,Como Depois são páginas de dar inveja em Machado de Assis.E, só não estão catalogadas  entre as obras primas da literatura universal porque o mundo ainda não descobriu Bernardo Élis nos cafundós desses Ermos e Gerais,onde os caminhos e descaminhos levam mais  à cultura das letras que marcam as reses nas ancas, já que esta continua sendo a terra das carabinas.
 Os cinco volumes da Obra Reunidas de Bernardo Élis, valem sozinhos,mais  do que toda essa inchação invejosa e intelectualóide que tenta desestabilizá-lo na presidência da Fundação Cultural Pedro Lodovico Teixeira.
  E por que alguns o atacam? Porque Bernardo não quer comprar seus livros para distribuí-los de graça, quando se sabe que escritor que é preciso o Governo adquirir sua obra está encalhado até nos sebos.
E por que outros o combatem? Porque Bernardo não tem recursos públicos para editar seus livros, que não interessam aos editores do mercado livreiro.
E por que muitos o vilipendiam? Porque Bernardo não tem verbas oficiais para financiar suas apresentações artísticas, que não encontram patrocinadores nos empresários do ramo.
E como a maioria sofisma as verdadeiras razões de sua raiva furiosa, Pedro Ludovico Teixeira está totalmente acéfala, porque Bernardo não é dizendo que a Fundação Cultural administrador?
De fato,Bernardo não adquiriu notoriedade como exemplo de administrador das coisas materiais.Basta olhá-lo cheio de História e de bolsos  vazios, a vida inteira para saber disso.
Mas qual o intelectual que é bom administrador? Todavia, se o problema é encontrar um bom administrador para a administração, é só colocarem lá o Tonico Toqueiro, que ele é um excelente administrador.
Afinal, não há como discordar que Barnardo Élis se transformou em monumento intelectual, e não como executivo da administração. Mas, também, não se pode negar que ele nos dá a certeza de que, em sua gestão, não acontecerão os desvios financeiros e as frescuras artísticas que mancharam administrações anteriores.
Bernardo Élis já está sentado vivo no trono da História.Poderá ficar absolutamente, imóvel na cadeira da Presidência da Fundação Cultural Pedro Ludovico Teixeira que irámais longe no tempo,apenas com seu livro “Chegou o Governador”,do que o próprio Governador Pedro Ludovico, com sua epopéia de Goiânia. Eis a causa da sanha contra ele.Inveja de Bernardo Élis como  escritor fenomenal. Como não podem atingi-lo como intelectual superdotado, aproveita agora para se vingar da ciumeira inrustida, criticando da sua atuação na Fundação Pedro Ludovico Teixeira.
Bernardo Élis é inatingível ,mesmo que não fosse o homem honrado, idealista e revolucionário, mas devido a imortalidade de sua obra literária. Ainda que desse numa coletoria,como Cervantes, ou que se desmunhecasse, como Garcia Lorca,e fizesse contrabando de droga,como Ernest Hemingway, mas, assim como a obra desses três monumentos intelectuais da humanidade os coloca acima do julgamento sobre suas pessoas, os romances e os contos de Bernardo Élis puseram-no além de nosso alcance, muito adiante nos  séculos.
O equívoco de se querer julgar Bernardo Élis pelos parâmetros normais,faz lembrar um episódio histórico. Certa madrugada, o presidente John Kennedy foi acordado na Casa Branca pelo chefe da CIA, informando-o de que Ernest Hemingway estava sitiado nas proximidades de Cuba com um contrabando de drogas e armas. Kennedy ordenou que fosse desfeito, imediatamente, o cerco,de tal maneira que o escritor não ficasse nem sabendo,pois ele tinha prestígio internacional maior do que os Estados Unidos, e seu governo não resistiria ao escândalo de uma prisão de Hemingway.Goiás não suportaria as repercussões negativas, no plano nacional,da queda de Bernardo Élis da Fundação Cultural.  (BATISTA CUSTÓDIO)