quinta-feira, 13 de dezembro de 2012


Navio Brasileiro a Pique no Triângulo das
Bermudas


       Terça-feira: A tarde ensolarada do Planalto era um convite á inércia. O sol imprimia uma atmosfera de preguiça em tudo,até mesmo o vento preguiçoso contentava-se com tapinhas suaves nas folhas agrestes das árvores do Cerrado que adornam a bela Capital Federal. Contrastando-se com a inércia da natureza, ouvia-se o roncar louco dos carros que se mergulhavam freneticamente, debaixo dos reforçados viadutos para  se emergirem soberanos ou na W3-Sul ou na W3-Norte.
         O grupo já estava reunido no terraço do mesmo bar, na mesma mesa, nas mesmas cadeiras...e...eu também ocupei o mesmo esconderijo...
         Os jornalistas à vontade, desrespeitavam ou melhor não temiam as autoridades ali presentes, vomitando toda sua ansiedade, que acredito eu, ser somada às (ansiedades) dos demais brasileiros preocupados e aflitos com tamanho colapso econômico do gigante que, agora mais do nunca, parece adormecido em berço esplendido.
         Depois da revisão do que foi dito na reunião anterior, Itamar Franco foi o primeiro a tomar a palavra: “ação exige dos responsáveis pela condução dos negócios públicos a imediata denuncia tanto do acordo constitutivo do FMI como dos ajuste e contratos assumidos juntos aos órgãos financeiros multinacionais.”
         Realmente, esclarece o Presidente da FCESP, Papa Junior: “Se as negociações com o FMI continuarem assim, poderemos presenciar a desnacionalização da economia brasileira, com a venda das empresas estatais e privadas brasileiras a grupo internacionais. As empresas que tomaram empréstimos externos, estimuladas em grande parte por autoridades da área econômica, estão hoje, mais empobrecidas e correndo o risco de se tornarem inviáveis, nestas condições, seriam elas facilmente transferidas a grupos internacionais dentro da POLITICA DE ESTIMULO AO INGRESSO DE CAPITAIS ESTRAGEIROS”.
         Nisto, já debruçado no seu uísque, Símonsen resmungou, entreabrindo com dificuldades seus carnudos e reforçado beiços: Todas as economias têm suas peculariedades, mas o Brasil parece estar abusando da originalidade.
         __Mas assegura, Beltrão: A componente mais importante das medidas de natureza econômica não é a perfeição técnica; é o grau de credibilidade, aceitações e solidariedade que elas sejam capazes de suscitar...
         Levantando com o dedo em riste, o deputado Aldo Arantes gritou: Abrirei as portas ao capital estrangeiro, Sr. Ministro?... Abrindo mão de questionamentos de qualquer problema relativo à soberania nacional?...Para,Sr.Ministro, demonstrar que o PODER DE DECISÃO DO PAÍS ESTÁ LÁ FORA, NAS MÃO DOS BANQUEIROS?...
         __Qual é, meu rapaz?... (levantou-se a voz de um estrangeiro, com terrível sotaque inglês. Era o presidente do Banco Central dos Estados Unidos). Não é assim, meu rapaz, o Brasil está tomando algumas medidas muito fortes. Me sinto bastante otimista, agora, sobre a situação. Estão assentados uma base para a confiança necessária nos mercados financeiros.
         Assustei. Que diabo de estrangeiro se metendo, até sugerindo coisas para a nossa economia?... o pobre do rapaz engasgou, ficou a olhar para o americano como que querendo dizer: __Só pode sair elogios daí, se já não temos mais nada a entregar...Se tudo já está nas mãos dos americanos...
         Estava eu para explodir de ódio de tanta asneira brasileira,de tanta safadeza americana, que passei a raciocinar em inglês... Talvez, inconscientemente, preparando-me para a submissão aos americanos. I hate it. Bat I`m not it`s all. Mergulhada neste pesadelo, ouvi a simpática voz de André G. Stum trazendo soluções às minhas indagações a respeito do posicionamento do americano, mas levando-me, como a todos os brasileiros conscientes ao desespero.
“O Brasil vai ser auxiliado pelo o governo americano e pela comunidade financeira internacional para superar as atuais dificuldades econômicas. Mas, em contrapartida, deverá ser convidado a fazer ao menos quatro concessões fundamentais:         

1º__ ABRIR A RESERVA DE MERCADO NA ÁREA INFORMATICA Á EMPRESAS ESTRANGEIRAS.
         2º__ PERMITIR CAPITAL DE OUTRO PAÍSES NA PRODUÇÃO DE MATERIAL BÉLICO DENTRO DO PAÍS.
         3º__ ADMITIR A PRESENÇA DE BANCOS INTERNACIONAIS NO MERCADO BRASILEIRO.
         4º__ AJUSTAR A POLITICA EXTERNA AO INTERESSE DE WASHINGTON EM PONTOS ESSENCIAIS.
        
         A situação é negra. O Brasil foi entregue econômica e politicamente, portanto, não terá mais a sua soberania. Vejam só o que diz André Meireles: “A redefinição da política externa brasileira, ESPECIALMENTE EM RELAÇÃO Á AMERICA CENTRAL, poderá ser o preço para a renegociação política da dívida com o aval do governo americano. A INDEPEDENCIA DA POLÍTICA EXTERNA SERA SUBSTITUIDA POR UMA PERMANENTE CONSULTA PRÉVIA AOS ESTADOS UNIDOS.
         É desesperadora a situação do nosso querido País. O Brasil passou mesmo pelas mãos do TRIÂNGULO DAS BERMUDAS. (Delfim, Galvêas e Langoni) e como todo frágil navio afundou na miséria e na exploração americana, antes camuflada, agora pública e legalmente declarada.    

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