Navio Brasileiro a Pique no Triângulo das Bermudas.
Crê nos que buscam a verdade. Duvida dos que
a encontraram.
(André Gide.)
Vamos apresentar uma série de crônicas
publicadas na década de 83 a 93, mostrando o grande problema econômico da época,
mas, que sempre existiu devido a hegemonia dos U.S.A. sobre toda a América e
sua insistente teima em que o melhor sistema é o ditado por eles.
Nada mudou apenas a roupagem ditada pelo tempo, pela tecnologia e certa
esperteza dos súditos. Hoje, o brasileiro é mais ladino e latino (na safadeza,
no passa perna) Horríveis sinais dos tempos.
Esta
é a primeira crônica, outras virão e você terá a oportunidade de conhecer os
atores e autores no cenário apresentado. Chamo a atenção para o peso, a
importância dos participantes da roda de discussão.: Iniciamos com o Presidente
Itamar Franco.Ministros: Camilo Penna e Beltrão. Os economistas: Roberto Campos,
Celso Furtado, Simonsen, O triângulo das Bermudas=(Delfin,Galvêas e Longoni.
Senador Saturnino(sempre atuante), os
Jornalistas: Humberto Quadros e André G.
Stump. Cunha Junior (ACIEC).
Estas crônicas foram publicadas naquela época
no Jor.Diário da Manhã( do grande Jornalista Batista Cústódio .
Terça-feira:
À tarde ensolarada do Planalto era um convite á inércia. O sol imprimia uma
atmosfera de preguiça em tudo, até mesmo o vento preguiçoso contentava-se com
tapinhas suaves nas folhas agrestes das árvores do Cerrado que adornam a bela
Capital Federal. Contrastando-se com a inércia da natureza, ouvia-se o roncar
louco dos carros que se mergulhavam freneticamente, debaixo dos reforçados
viadutos para se emergirem soberanos ou na W3-Sul ou na W3-Norte.
O grupo já estava reunido no terraço do
mesmo bar, na mesma mesa, nas mesmas cadeiras... E. Eu também ocupei o mesmo
esconderijo...
Os jornalistas à vontade,
desrespeitavam, ou melhor, não temiam as autoridades ali presentes, vomitando
toda sua ansiedade, que acredito eu, ser somada às (ansiedades) dos demais
brasileiros preocupados e aflitos com tamanho colapso econômico do gigante que,
agora mais do nunca, parece adormecido em berço esplendido.
Depois da revisão do que foi dito na
reunião anterior, Itamar Franco foi o primeiro a tomar a palavra: “ação exige
dos responsáveis pela condução dos negócios públicos a imediata denuncia tanto
do acordo constitutivo do FMI como dos ajustes e contratos assumidos juntos aos
órgãos financeiros multinacionais.”
Realmente, esclarece o Presidente da
FCESP, Papa Junior: “Se as negociações com o FMI continuarem assim, poderemos
presenciar a desnacionalização da economia brasileira, com a venda das
empresas estatais e privadas brasileiras a grupo internacionais. As
empresas que tomaram empréstimos externos, estimuladas em grande parte por
autoridades da área econômica, estão hoje, mais empobrecidas e correndo o risco
de se tornarem inviáveis, nestas condições, seriam elas facilmente
transferidas a grupos internacionais dentro da POLITICA DE ESTIMULO AO INGRESSO
DE CAPITAIS ESTRAGEIROS”.
Nisto, já debruçado no seu uísque, Simonsen
resmungou, entreabrindo com dificuldades seus carnudos e reforçado beiços:
Todas as economias têm suas peculariedades, mas o Brasil parece estar
abusando da originalidade.
__Mas assegura, Beltrão: A componente
mais importante das medidas de natureza econômica não é a perfeição técnica; é
o grau de credibilidade, aceitações e solidariedade que elas sejam
capazes de suscitar...
Levantando com o dedo em riste, o
deputado Aldo Arantes gritou: Abrirei as portas ao capital estrangeiro, Senhor
Ministro?... Abrindo mão de questionamentos de qualquer problema relativo à
soberania nacional?...Para,Sr.Ministro, demonstrar que o PODER DE DECISÃO
DO PAÍS ESTÁ LÁ FORA, NAS MÃO DOS BANQUEIROS?...
__Qual é, meu rapaz?... (levantou-se a
voz de um estrangeiro, com terrível sotaque inglês. Era o presidente do Banco
Central dos Estados Unidos). Não é assim, meu rapaz, o Brasil está tomando
algumas medidas muito fortes. Sinto-me bastante otimista, agora, sobre a
situação. Estão assentados uma base para a confiança necessária nos mercados
financeiros.
Assustei. Que diabo de estrangeiro se
metendo, até sugerindo coisas para a nossa economia?... O pobre do rapaz
engasgou, ficou a olhar para o americano como que querendo dizer: __Só pode
sair elogios daí, se já não temos mais nada a entregar...Se tudo já está nas
mãos dos americanos...
Estava eu para explodir de ódio de
tanta asneira brasileira, de tanta safadeza americana, que passei a raciocinar em inglês... Talvez ,
inconscientemente, preparando-me para a submissão aos americanos. I hate it.
Bat I`m not it`s all. Mergulhada neste pesadelo, ouvi a simpática voz de André
G. Stum trazendo soluções às minhas indagações a respeito do posicionamento do
americano, mas levando-me, como a todos os brasileiros conscientes ao
desespero.
“O
Brasil vai ser auxiliado pelo governo
americano e pela comunidade financeira internacional para superar as atuais
dificuldades econômicas. Mas, em contrapartida, deverá ser convidado a fazer
ao menos quatro concessões fundamentais:
1º__ ABRIR A RESERVA DE MERCADO NA ÁREA INFORMATICA Á
EMPRESAS ESTRANGEIRAS.
2º__ PERMITIR CAPITAL DE OUTROS PAÍSES
NA PRODUÇÃO DE MATERIAL BÉLICO DENTRO DO PAÍS.
3º__ ADMITIR A PRESENÇA DE BANCOS
INTERNACIONAIS NO MERCADO BRASILEIRO.
4º__ AJUSTAR A POLITICA EXTERNA AO
INTERESSE DE WASHINGTON EM PONTOS ESSENCIAIS.
A situação é negra. O Brasil foi
entregue econômica e politicamente, portanto, não terá mais a sua soberania.
Vejam só o que diz André Meireles: “A redefinição da política externa
brasileira, ESPECIALMENTE EM RELAÇÃO Á AMERICA CENTRAL, poderá ser o preço
para a renegociação política da dívida com o aval do governo americano. A
INDEPEDENCIA DA POLÍTICA EXTERNA SERA SUBSTITUIDA POR UMA PERMANENTE CONSULTA
PRÉVIA AOS ESTADOS UNIDOS.
É desesperadora a situação do nosso
querido País. O Brasil passou mesmo pelas mãos do TRIÂNGULO DAS BERMUDAS.
(Delfim, Galvêas e Langoni) e como todo frágil navio afundou na miséria e na
exploração americana, antes camuflada, agora pública e legalmente declarada.
Próximo crônica: No bandejão da
política econômica.
Próximo crônica: No bandejão da política econômica.
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