No bandejão
da Política econômica
O mau de certos políticos não e falta de persistência. È a persistência
na falta. (Barão de Itararé.) Entretanto lembremos: a concórdia não é uniformidade de
opiniões, mas concordância de vontades
(S. Tomás de Aquino.)
Há um
mês, ao passar por um bar em Brasília (tipo café Central de Goiânia) vi uma roda
eclética de pessoas importantes demais para estar ali. A curiosidade acordou em
mim. Não hesitei em ocultar-me perto do grupo e, lá vai o que ouvi... Gravei...
Oferecendo-lhe, agora, o bandejão da Política Econômica do Brasil.
Delfim negou na reunião que esteja havendo
divergências entre o Brasil e o FMI
Mas, Sr.Ministro, os banqueiros não
acreditam nos números e nas estatísticas brasileiras,sobretudo, por não terem
os ministros cumprido o que assinaram na Carta Compromisso ao FMI.(André G.
Stumpf-Jornalista.)
- Como?...Há total
impraticabilidade do cumprimento das exigências do FMI admitidas pelas
autoridades monetárias no acordo firmado com aquele organismo como condição para
o empréstimo trienal de US$4,5 bilhões!...(Jor.Humberto Quadros)
Pensativo, Cunha Junior da (ACIEC) retrucou:
Estão levando o País Á derrocada. A política econômica é, hoje, uma Torre de
Babel. O Simonsen, o Celso Furtado, o Roberto Campos, cada um fala uma coisa, o
Delfim fala outra coisa e acaba contrariando todos, fazendo tudo sozinho.
- Ora, disse o Ministro Galvêas, não há com
que se preocupar:os entendimentos com a missão do FMI estão evoluindo
satisfatoriamente...as medidas tomadas pelo governo brasileiro, tanto na área
fiscal como na política monetária,viabilizarão ( é melhor usar mesmo o futuro
incerto)a redução dos desequilíbrios internos e também facilitarão a redução
dos déficit em conta corrente.
Como era de se esperar, o Ministro Beltrão
endossou o primeiro dizendo: o componente mais importante das medidas de
natureza econômica não é a perfeição técnica; é o grau de credibilidade, aceitação
e solidariedade que elas sejam capazes de suscitar.
Lógica a declaração do Beltrão, pois como
não haver solidariedade,quando “essas decisões,últimas do governo, demonstram
claramente que O Poder de Decisões do País está lá fora? nas mãos dos Banqueiros?”
A prova está aí. o Bis pressionou o Brasil a aceitar as condições impostas pelo
FMI e, hoje, ele prorroga e com esse posicionamento favorável do BIS, o Banco
Central conclui as negociações com o FMI.
Diante da afirmativa de Aldo Arantes de que
“o poder de decisão do País está lá fora, nas mãos dos banqueiros”, o Senador
Saturnino gritou:Alguém precisa convencer o Governo do perigo de insistir nesse
acordo como FMI. Essa situação preocupa a todos. As propostas do FMI ao Brasil
são políticas e socialmente inviáveis, não são Ministro Camilo Penna?
- É... mas as negociações, a nível técnico
para solucionar o pagamento da dívida externa brasileira, atingiram um impasse
que só poderá ser resolvido,através de um acordo entre governos dos países
credores e devedores em que se estabeleça o fluxo de comércio ou novas
condições de rolamento da dívida.Digo mais...a solução dos problemas econômicos
se transformou numa brincadeira internacional surrealista, na qual o Brasil tem
a sua participação.
Estranho comportamento do Sr. Ministro que
fala em brincadeira internacional surrealista, quando “o ponto crítico de toda
essa armação é o custo que o País está pagando pela recessão que lança milhões
de pessoas no desemprego!...”
Vermelho de raiva com as
brincadeirinhas inoportunas de Camilo Penna, Saturnino prossegue: as
declarações fáceis de vários dos homens que tiveram e estão no comando da economia
do País, e nesse comando tomavam decisões, profundamente, erradas, tomadas da forma
mais autoritária, foram empurrando a Nação, gradativamente, friamente, para o
atoleiro em que se encontra.
Mais veemente e autoritário
foi o jornalista Humberto Neto que se levantou e numa gargalhada, disse:
Gargalhadas.Nada melhor para definir o sentimento que o Brasil dos Generais,do Ministro Delfim Neto,Ernane
Galvêas, de Carlos Longoni e muitos outros desperta,hoje, junto à comunidade
financeira internacional.Enquanto os banqueiros sorriem, ainda que temerosos e
apreensivos,Ernani Galvêas e Carlos Logoni afivelam suas malas para mais o
“tour” pelos Estados Unidos. Em Washington, para os sisudos homens do FMI e
para os banqueiros credores, eles repetirão a antiga, surrada e gasta cantinela
de sempre, assegurando que há muito avistam sinais de recuperação da economia
brasileira.
O grupo já fervia exasperado, diante da
situação do País, sobretudo diante da calma e miopia das autoridades ali
presentes, quando alguém, prudentemente, lembrou que seria melhor dispersar o
grupo, marcando um novo encontro daí a quatro dias.
Eu saí, cautelosamente, do meu esconderijo, convidando
você meu amigo,a voltar oportunamente para nossa escuta,inteirando-nos de que o
Brasil está passando no pior trecho do Triângulo das Bermudas.
-Qual será o seu destino?...Qual será o
nosso?...O dos brasileiros?..Ou melhor: qual será do Triângulo das Bermudas?
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